
Mulher Inteira
Antes era o caos, todas as meninas dentro de mim, brigavam por ter algum controle sobre mim. E assim que uma delas conseguia realizar algo através de mim, as outras, invejosas, tramavam contra ela, sabotavam e a venciam. Era um conflito constante.
Mas aos trinta anos senti que havia algo novo em mim. Havia um nova presença no meu íntimo, ela ficava ali, silenciosa, observando as outras, mas essa não brigava nem obrigava, nem tampouco interferia tomando partido, mas eu a sabia diferente. Ela me confortava apenas por me habitar.
Ela foi conhecendo e aceitando as razões da cada menina em mim, reconhecendo em meu passado todas as minhas feridas. Descobriu a causa dos sofrimentos de cada uma das minhas meninas ao remexer em seus arquivos ocultos.Soube bem. Faltava-lhes uma mãe para resolver seus conflitos, faltava aquela nunca encontrada mãe que ela sempre procurava lá fora.
Até que um dia, ela subiu em suas tamancas, mas ela não falou. Na verdade ela cantou seu poema de luz e dançou sua dança de poder calando todas as outras surpreendidas, em transe pela sua grande beleza.
Seu refrão, seu mantra é:
EU SOU UMA MULHER INTEIRA
EU SOU ÚNICA
EU ACOLHO
EU ESCOLHO
EU TRANSFORMO
Foi assim que eu me empoderei quando pari a mim mesma para ser uma mulher inteira. Sou agora aquela por quem sempre procurei.
Sergio Condé,
(dando palavras às mulheres inteiras que eu já encontrei, aquelas que se tornaram inteiras e também àquelas que anda não subiram em suas tamancas.)
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